Pregões de Lisboa
Manhã cedo. O Sol dourado
A tudo vai dando cor;
Há já vida na cidade,
Já nela se ouve rumor
Vendedores ambulantes
Começam a aparecer.
Vamos lá ver, ó freguesas,
O que trazem p’ra vender
Oito horas. À nossa porta
Passa agora a tia Chica.
Com sua voz compassada
Apregoa: “Fava rica”.
Lá vem também a peixeira
Com seu trajo pitoresco,
Dizendo: “Oh ! vida da costa”
Ou então: “Carapau fresco”.
E agora, de toda a parte
Se ouve gente que apregoa,
Gritando : “Quem quer laranja,
Quem compra laranja boa ?”
“Merca o cabaz de morangos ...”
“Século. Noticias. Voz ...”
“Oh ! boa amora da horta ... “
“Quem quer amêijoas p´ra arroz ? “
“Erre,Erre, mexilhão ...”
“Oh! Pescadinha marmota ...”
“Compra raminho de flores ...”
“Oh ! figos de capa rota ...”
E com a lata no braço,
Fresquinha qual fresco arroio,
Passa a linda vendedeira,
Cantando : Oh ! queijo saloio ...”
E tudo lá vão deixando,
P’la cidade, os vendedores.
Mas, para ganhar a vida
Que canseiras, que suores !
(autor anónimo)
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