Foto :Shark inho
(Nota: Janela de uma rua de Serpa)
Janelas de Estremoz
Janela fechada,
Cortina corrida ...
Nem flor a perfuma.
Nem moça a enfeita.
-: Ninguém se lhe assoma.
Janela tão triste,
Nem ao Sol aberta ...
Em toda a cidade
se repete a história
Mil vezes; mil vezes,
Se olhares a janela
Ou desta ou daquela
Casinha caida,
A vez divorciada
Do Sol e de tudo
Que graça lhe dera.
Há vinte janelas
Na casa da esquina ?
- Na rua de cá
Dez estão fechadas;
Outras dez, fechadas
Na rua de lá.
Ah! tão retraídas !
Ah! tão agressivas !
Que pessoas vivas
Foi que as condenaram ?
Ó Janelas mudas
Pobres prisioneiras !
Que pessoas vivas,
Por que expiação,
vivem na prisão
em que vos meteram ?
- sem sol que as aquente ...
Sem flor que as alegre ...
Janela serrada
Cortina descida
Mocinha escondida
Por trás da janela
- quanto mais não vale
A rosa encarnada
Que a rosa amarela !...
(Sebastião da Gama)
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