06 novembro, 2012

367 - Estátua


Estátua

Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor - frio escalpelo,
O meu olhar quebrei-o, a debatê-lo,
Como a onda Crista de um rochedo

Segredos dessa alma e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo,

E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correcto
Desse entre aberto lábio gelado...

Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado
Sereno como um pégalo quieto.

Camilo Pessanha