29 junho, 2008

195 - Irresponsabilidades ecológicas

Foto: Shark
Meio Ambiente

Desde o início, tudo mudou
O meio ambiente, já se transformou,
Tapamos nossos olhos, para não ver
Tudo que está acontecendo

Não queremos perceber
Animais famintos, outros extintos
As florestas mudaram
Muitas árvores derrubaram.

O povo consumista, não quer saber
A natureza pede ajuda,
Sem ninguém pra socorrer

A mata está sufocada
As pessoas ficam caladas
Fábricas, fumaças...
Dinheiro sujo, só desgraça.

Temos que agir,
O mundo vai cair
Talvez caia em cima de nós
E ninguém escutará nossa voz.
Caroline M. Costa

28 junho, 2008

194 - A todas as MULHERES

Foto: Shark

São as Mulheres como tu
Que pela consciência,
encontram respostas para todas as perguntas
Que pela fraternidade, possuem
não só uma vida mas todas as vidas
Que pela dedicação,
transformam o cansaço numa esperança infinita
Que pelo pensamento,
ajudam a realizar o azul que há no dorso das manhãs Que pela emancipação,
fazem de nós mulheres e homens com a estaturada vida,
Capazes da beleza, da igualdade, da justiça e do amor
São as mulheres como tu
Que podem transformar o mundo

(Joaquim Pessoa)

27 junho, 2008

193 - Até os manjericos já são de papel

Foto: Shark

O vaso de manjerico

O vaso do manjerico
Caiu da janela abaixo.
Vai buscá-lo, que aqui fico
A ver se sem ti te acho.

(Fernando Pessoa)

192 - Rubras papoilas

Foto: Shark

De tarde

Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma cousa simples bela,
E que sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico,
um ramalhete rubro de papoilas.

Pouco depois, em cima dos penhascos,
nós acampávamos, inda o sol se via;
e houve talhadas de melão, damascos,
e pão-de-ló molhado em malvasia

Mas, todo púrpuro a sair da renda
dos teus dois seios como duas rolas,
era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoilas.
( Cesário Verde )

24 junho, 2008

191 - Professoras da minha infância

Foto: Shark

Os meus professores

Os meus professores
A quem muito amei,
Ensinaram-me tanto
Do que hoje eu sei!

Os meus professores
Eu muito respeitava,
Transmitiram-me valores
Fizeram muito do nada!

A os meus professores
Muito bem eu dediquei,
Ensinaram-me tanto
Jamis os esquecerei!

Os meus professores
De há longa data,
Em toda a minha vida
Lhes estou muito grata!

Aos meus professores
Deixo este poema,
Todo o meu carinho,
Todo o meu afecto ,
Toda a minha gratidão
E um muito obrigada
Do fundo do coração

Dos meus Professores
Assim e despeço,
Recordando a todos...
Nas rimas deste verso!

23 junho, 2008

190 - Cobra

Foto: Shark

A Cobra (extracto)

Passaste por mim na rua. Passaste, toda dengosa.
E eu fui olhando e pensando: que cobra mais sinuosa.
Dás nas vistas, acredita, talvez pelo teu vestir
mas, queria ver-te sem roupa, queria poder-te despir!
Laura B. Martins
(in Divagando)

19 junho, 2008

189 - Repasto

Foto:Charquinho

REPASTO

Comi de tudo, da vida fiz repasto.
Até daquilo que provei, mesmo nefasto,
fui recolhendo e amarrei num bouquet.
Viagens, fiz algumas; reparei,
do mar, ter um receio que só eu sei!...
Dos aviões nunca tiraria brevet (...)

Assim, me limitei aos pés na terra
porque é difícil viajar, (está tudo em guerra...
por todo o lado são países desavindos).
Reduzi o meu espaço ao meu país;
e hoje, faço aquilo que não fiz,
contando no bouquet ramos infindos.

De moça nova que era, namorei;
e alguns corações despedacei
mas, no correr dos anos, são fatais
as trocas. Que prefere o ser humano?
Quando a idade avança, o que é mundano
passa. A mim... ficaram-me os animais!
Laura B. Martins
Soc. Port. Autores n.º 20958

188 - Vulcões

Foto: Charquinho
Vulcões

Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal
Não tem a lividez sinistra da montanha
Quando a noite a inunda dum manto sem igual
De neve branca e fria onde o luar se banha.

No entanto que fogo, que lavas, a montanha
Oculta no seu seio de lividez fatal!
Tudo é quente lá dentro…e que paixão tamanha
A fria neve envolve em seu vestido ideal!

No gelo da indiferença ocultam-se as paixões
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões…

Assim quando eu te falo alegre, friamente,
Sem um tremor de voz, mal sabes tu que estranha
Paixão palpita e ruge em mim doida e fremente!

(Florbela Espanca)

15 junho, 2008

187 - Meu Alentejo imenso

Foto: Shark

Alentejo

A luz que te ilumina,
Terra da cor dos olhos de quem olha!
A paz que se adivinha
Na tua solidão
Que nenhuma mesquinha
Condição
Pode compreender e povoar!
O mistério da tua imensidão
Onde o tempo caminha

Sem chegar!...

(Miguel Torga)

14 junho, 2008

186 - As Cegonhas

Foto: Shark

Cegonhas

Olá cegonha gosto de ti!
Há quanto tempo, te não via por ai!
Nem teus ninhos nos telhados,
Nem as asas pelo céu!
Olá cegonha! Que aconteceu?
Ainda me lembro de ouvir-te dizer,
Que tu de longe os bebes vinhas trazer!
Mas os homens vão crescendo,
E as cegonhas a morrer!
Ainda me lembro... não pode ser!
Adeus cegonha, tu vais voar!
E a gente sonha...é bom sonhar!
No teu destino, por nos traçado!
Leva o menino, que é pequenino, toma cuidado!
Adeus cegonha, adeus lembranças...
A gente sonha, como crianças!
Faz outro ninho, no som dos céus!
Vai de mansinho, mas pelo caminho, diz-nos adeus!
Adeus cegonha, tu vais voar!
E a gente sonha... é bom sonhar!
No teu destino, por nós traçado...
Leva o menino que é pequenino, toma cuidado!
Leva o menino... mas tem cuidado!
(Carlos Paião)

13 junho, 2008

185 - Meu Alentejo ao pé do mar

Foto: Shark

Fui à Beira do Mar

Fui à beira do mar
Ver o que lá havia
Ouvi uma voz cantar
Que ao longe me dizia
Ó cantador alegre

Que é da tua alegria
Tens tanto para andar
E a noite está tão fria
Desde então a lavrar

No meu peito a Alegria
Ouço alguém a bradar
Aproveita que é dia
Sentei-me a descansar
Enquanto amanhecia
Entre o céu e o mar
Uma proa rompia
Desde então a bater

No meu peito em segredo
Sinto uma voz dizer
Teima, teima sem medo

(Zeca Afonso)

184 - MARAVILHA DE PAÍS O NOSSO

Foto: Shark

Minha Terra

Minha Terra embalada pelas ondas,
Lindo país de mouras encantadas,
Onde o amor tece lendas e onde as fadas
Em castelos de lua dançam rondas…

Oh meu Algarve, quero que me escondas…
Que na treva da morte haja alvoradas!
Hei-de sonhar com moiras encantadas,
Se eu dormir embalado pelas ondas…

Quando o sol emergir detrás da Serra,
Sempre será… da minha terra
A fecundar-me o chão da sepultura...

Ao pé dos meus, na minha aldeia querida,
A morte será quase uma ventura,
A morte será quase como a vida…
Cândido Guerreiro

10 junho, 2008

183 - Pátria

Foto: Shark

Os Lusíadas
Canto III
21

Esta é a ditosa Pátria minha amada,
À qual se o Céu me dá que eu sem perigo
Torne com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo.
..................................................................
(Luiz Vaz de Camões)

09 junho, 2008

182 - Voar como os pássaros

Foto: Shark

Não faz mal

Voar é uma dádiva da poesia.
Um verso arde na brancura aérea do papel,
toma balanço,
não resiste
Solta-se-lhe
o animal alado.
Voa sobre as casas,
sobre as ruas,
sobre os homens que passam,
procura um pássaro
para acasalar.

Sílaba a sílaba
o verso voa.
E se o procurarmos?

Que não se desespere,
pois nunca o iremos encontrar.
Algum sentimento o terá deixado pousar,
partido com ele.
Estará o verso connosco?
Provavelmente apenas a parte que nos coube.
Aquietemo-nos.
Amainemo-nos esse desejo de o prendermos.

Não é justo um pássaro
onde ele não pode voar.
(Eduardo White)

06 junho, 2008

181 - Nas asas da poesia

Foto: Shark

OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
(Mário Quintana)

05 junho, 2008

180 - Barco no mar

Foto: Shark

NAU SEM RUMO

Não preciso de cartas de navegação:
basta-me o sonho de travessias impossíveis.

Caminhar sobre a superfície do oceano,
pisando em pássaros submarinos,
tropeçando em ruínas de outras civilizações,
beijando cadáveres de náufragos,
até a definitiva conversão em água, sal e vento.

Sei que não tenho destino.
É o destino que me possui.
As correntezas traçam a rota
e as tempestades preparam o naufrágio.

O mar não precisa de caminhos,
tece na solidão as formas da morte,
enquanto o vento entoa cantos fúnebres
sobre os campos azuis do país marítimo.

O mar não precisa de navios,
precisa apenas de corpos.
(José António Cavalcanti)

01 junho, 2008

179 - Quem se vende?

Foto: Shark

Compra-se

Compram-se seres humanos
Calados, domesticados
Que não pensem, nem opinem
Ao serem questionados.
Que não vejam, nem escutem
Nem se sintam incomodados.

Compram-se seres humanos
Que sejam modernizados.
Que andem sempre na moda
Felizes, etiquetados
Que propaguem e que convençam
Até os conscientizados.

Compram-se seres humanos
Totalmente desligados
Que não gostem de política
E estejam sempre ocupados
Que não sejam de esquerda
E nem sindicalizados.


Compram-se seres humanos
Famintos, desempregados,
Indecisos, inseguros,
Descalços, descamisados,
Menores, analfabetos,
E até informatizados.

Compram-se seres humanos
Idosos, aposentados,
Jovens e adolescentes
De preferência, os drogados
Que se sumam, consumindo,
Em tempos globalizados!!!
de Prof. Zé Maria
Eldorado dos Carajás