30 março, 2008

152 - Poema de Amor

Foto:Shark inho

Poema de Amor

Quero um bosque de Eucaliptos
Perfumando a brisa
Forrando tudo com folhagem macia
Um pomar e um riacho
Uma rede estendida
Para poder,
Ao sussurro das árvores,
Ao canto das águas,
Com o aroma da natureza,
Escrever um POEMA DE AMOR !

(autor desconhecido)

21 março, 2008

151 - A Lua

Foto: Shark inho
Lua

Entre a terra e os astros, flor intensa.
Nascida do silêncio, a lua cheia
Dá vertigens ao mar e azula a areia,
E a terra segue-a em êxtases suspensa.

Sophia de Mello Breyner Andresem

150 - 21 de Março - Dia Mundial da Árvore

Foto: Shark inho
ORGIA NA FLORESTA.

Sinal verde. Hoje é dia de festa.
Sapo Cururu rufou tambores.
A lagoa toda se alagou.
Boto Tucuxí que não é bobo.
Refestelou-se na madrugada.
As Estrelas lascivas e envergonhadas
Mergulharam no azul do céu.

17 março, 2008

149 - Olhando o Mar

Foto: Shark inho
Olhando o mar, sonho sem ter de quê

Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?

Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.

As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.

Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.

Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?

Fernando Pessoa

148 - Horizonte

Foto: Shark inho

Horizonte

O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério'
Splendia sobre sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o
Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade.

Fernando Pessoa

147 - O Melhor do Mundo São as Crianças

Foto: Shark inho
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre,bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor,quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa

16 março, 2008

146 - Rainha das Pontes !

Foto: Shark inho
Pousa um momento,
Um só momento em mim,
Não só o olhar,
também o pensamento.
Que a vida tenha fim
Nesse momento!
No olhar a alma também
Olhando-me, e eu a ver
Tudo quanto de ti teu olhar tem.
A ver até esquecer
Que tu és tu também.
Só tua alma sem ti
Só o teu pensamento
E eu onde, alma sem eu.
Tudo o que sou
Ficou com o momento
E o momento parou.
(Autor desconhecido)

145 - Outra vez o Tejo

Foto: Shark inho

O Tejo

As barcas gritam sobre as águas.
Eu respiro nas quilhas.
Atravesso o amor, respirando.
Como se o pensamento se rompesse com as estrelas
brutas. Encosto a cara às barcas doces.
Barcas maciças que gememcom as pontas da água.
Encosto-me à dureza geral.
Ao sofrimento, à ideia geral das barcas.
Encosto a cara para atravessar o amor.
Faço tudo como quem desejasse cantar,
colocado nas palavras.
Respirando o casco das palavras.
Sua esteira embatente.
Com a cara para o ar nas gotas, nas estrelas.
Colocado no ranger doloroso dos remos,
Dos lemes das palavras.

É o chamado rio tejo
pelo amor dentro.
Vejo as pontes escorrendo.
Ouço os sinos da treva.
As cordas esticadas dos peixes que violinam a água.
É nas barcas que se atravessa o mundo.
As barcas batem, gritam.
Minha vida atravessa a cegueira,
chega a qualquer lado.
Barca alta, noite demente, amor ao meio.
Amor absolutamente ao meio.
Eu respiro nas quilhas.
É forteo cheiro do rio tejo.

Como se as barcas trespassassem campos,
a ruminação das flores cegas.
Se o tejo fosse urtigas.
Vacas dormindo.
Poças loucas.
Como se o tejo fosse o ar.
Como se o tejo fosse o interior da terra.
O interior da existência de um homem.
Tejo quente. Tejo muito frio.
Com a cara encostada à água amarela das flores.
Aos seixos na manhã.Respirando.
Atravessando o amor.
Com a cara no sofrimento.
Com vontade de cantar na ordem da noite.

Se me cai a mão, o pé.
A atenção na água.
Penso: o mundo é húmido.
Não seio que quer dizer.
Atravessar o amor do tejo é qualquer coisa
como não saber nada.
É ser puro, existir ao cimo.
Atravessar tudo na noite despenhada.
Na despenhada palavra atravessar a estrutura da água,
da carne.
Como para cantar nas barcas.
Morrer, reviver nas barcas.

As pontes não são o rio.
As casas existem nas margens coalhadas.
Agora eu penso na solidão do amor.
Penso que é o ar, as vozes quase inexistentes no ar,
o que acompanha o amor.
Acompanha o amor algum peixe subtil

Herberto Helder

144 - Tardes em Lisboa

Foto: Shark inho

Tardes em Lisboa

Nesta última tarde em que respiro
a justa luz que nasce das palavras
e no largo horizonte se dissipa
quantos segredos únicos, precisos,
e que altiva promessa fica ardendo
na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
senão em cada gesto e pensamento
e dentro destes vagos vãos poemas;
e já todos me ensinam em linguagem simples
que somos mera fábula, obscuramente
inventada na rima de um qualquer
cantor sem voz batendo no teclado;
desta falta de tempo, sorte, e jeito,
se faz noutro futuro o nosso encontro.
E como, em noite parda, esse escritor demente
descobre no papel as formas do seu fim,
sem desistir de ti, ainda que as água cubram
de escamas a mansa pele,
ao meu delgado corpo de ar sonoro
acto em nova aliança o antigo canto.

(António Franco Alexandre)

14 março, 2008

143 - Lisboa... desbotada

Foto:Shark inho

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz?Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tude se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim...
-Eu falhei-me entr os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi
...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
...... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Mário de Sá Carneiro

12 março, 2008

142 - Eternidade

Foto: Shark inho

Eternidade

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.

Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.

Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...

— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.

Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.

Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.

(Rimbaud)

09 março, 2008

141 - Não há mulheres feias

Foto: Shark inho

Não há mulher que não tenha um encanto,
todas são belas seja no que for;
a alma, por mais oculta, em qualquer canto
há-de romper, e dar a sua flor.


Mas quando nada dê, temos, no entanto,
em nós, poder de tudo lhe supor,
desde a pureza, se esse amor é santo,
ao mais, se o nosso amor é bem amor.

Entre as surpresas de que nos rodeia
a vida, pode uma alma ser perdida?
criatura de amor, que seja feia?

Sonho que eu vivo, e por que, há tanto, chamo!
Quem me dera, através da minha vida,
encontrar, afinal, a que eu não amo!...
(Fausto Guedes Teixeira)

07 março, 2008

140 - Pássaro à janela

Foto: Shark inho

Acorda cedo como os passarinhos
e vem logo direita à minha cama;
sacode-me com jeito, por mim chama
e abre-me os olhos com os seus dedinhos.

Estremunhado, zango-me. - "Beijinhos,
não quer beijinhos?" - com voz de ouro exclama.
Da minha ira empalidece a chama,
e, acarinhando-a, pago os seus carinhos.

Senhor! Que amor de filha tu me deste!
Dá-lhe um caminho brando e sem abrolhos,
dá-lhe a Virtude por amparo e guia!

e destina também, ó Pai celeste,
que a mão com que ela agora me abre os olhos,
seja a que há-de fecharmos algum dia!

Eugénio de Castro

139 - O Gato

Foto: Shark inho
O Gato
Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge prá ruacheira o passeio
e volta para trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixo-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga,
e ele bem sabe.
Quado abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri,
com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados,
em êxtase,
ronronando.
Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas,
e rosna,rosna, deliquescente,
abraça-mee adoremece.
Eu não tenho gato,
mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?

(António Gedeão)

02 março, 2008

138 - Nuvens

Foto: Shark inho

Nuvens

Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!
Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.
Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?
Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?
Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.
(Natália Correia)

137 - Nem tudo o que parece... é!

Foto: Shark inho

A minha Janela pequena

Tenho na minha casinha
Uma pequena janela
Que engana quantos passam
Quando olham para ela!

É que da minha janela
Vejo mais que o horizonte:
Vejo as estrelas do céu,
As árvores, o rio e o monte

Pela minha janelinha
Entra a luz do sol a rodos,
Entra o luar à noitinha
E as canções do vento em sopros

E quando vem o Inverno,
Bate a chuva miudinha
Não entra, porque a não deixa,
A janela pequenina

Susete Evaristo

01 março, 2008

136 - Lição de civismo

Foto: Shar inho
Rap Ecológico

Devemos cuidar
Do meio ambiente
Afinal de contas
É a casa da gente.
O nosso projeto
É uma beleza
Ensina a gente
A cuidar da natureza
Como é que vamos
Cuidar do meio ambiente?
Do jeito que está
Vai ficar permanente
Olha só meu amigo
Quanta poluição
Vamos já procurar
Uma boa solução
Já conheço uma
Que é bem legal
Reciclar papel
É fundamental
Separar o lixo
Não é nada difícil
Se você pensar
Logo vai notar
Esse é o rap
Do projeto ecologia
Venha conosco
Mergulhar nessa magia

Poema escrito por: Artur Gehlen Adams
jovem brasileiro de 9 anos