Foto: Shark inho – Setembro 2006
Toada da folha e do vento
Baila o vento à gargalhada
Não se cansa de bailar
Com a folha torturada
Cor do sol a desmaiar !
Triste folha que foi verde
Que foi Esp’rança do pomar !
Passam vales, passam montes
Sob o sol indiferente !
Pasmam rios ! Dormem fontes !
Ninguém ouve ... ninguém sente !
Ai, dos fracos coitadinhos ...
Que não têm voz de gente !
Baila a folha! Chora a folha !
Baila o vento ! Ri o vento !
Passa o mundo, mas não olha ...
Só tem olhospara dentro !
Se há qum nasce p’ra ser folha
Tem de andar nas mãos do vento !
Baila o vento no convento !
Dão trindades no lugar !
“Um momento senhor vento,
Só o tempo de rezar ! ...”
Segue o vento gargalhando !
Baila a folha a soluçar !
“Piedade senhor vento ...
Onde é que me vai levar ? !”
Chora a folha, num lamento,
Ri o vento sem parar.
E atirou-se sobre a lama
Salpicada de luar !
Só depois que a viu na lama,
Encharcada de luar
Foi em busca doutra folha,
Doutra escrava ... p’ra bailar !
Foi em busca doutra folha,
Doutra escrava p’ra bailar !
(Vilar da Costa)
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