01 junho, 2009

289 - Entardecer

Foto: Charquinho

Sombras

Nas horas de silêncio, quando a noite
Guardou um sonho que não teve
E nem o mudo som de um leve açoite
Vem da folhagem, onde a brisa esteve.

Eu falo às sombras, embrião do nada,
Através do passado e do futuro,
Até surgir a luz da madrugada
No limite distante em que as procuro.

Falo convosco, Sombras… Pensamento
Que vai perder-se, vago, na distância…
Temos agora o mesmo comprimento
De onda, e sonhamos nesta concordância…

Dizeis segredos que nenhuma voz
Humana deste mundo jamais disse
E ficamos tão lúcido e sós,
Como se a nossa vida se extinguisse.

Nesta paisagem onde existe o sonho
Que vai morrer assim que nasce o dia
Da luz do sol, que vejo mais risonho
Sobre o mar furioso em agonia.


César Teixeira

2 comentários:

Domenico Condito disse...

Olá amiga Susete

Magnifico e intenso é este poema!
Gostei muito!

Um abraço

Susete Evaristo disse...

Olá meu amigo
Pois é, também gostei muito deste poema.
Ontem estive na Livraria Sá da Costa, em Lisboa e fui tomar café à Brasileira do Chiado.
Fernando Pessoa "disse-me" que gostou da sua companhia e o espera em breve para nova cavaqueira.
Um abraço para si também