20 abril, 2008

157 - Lis(boa) todos os dias

Foto: shark inho

MUSICA

Loira Lisboa, amolecida e calma,
Com vitrines de sol pelos passeios
E as avenidas com passeios de almas.

As tardes castas. E nas sombras mansas
Nem há crianças
A brincar na rua.

Céu rosado, menino, Céu de bruços,
A escutar os soluços
Da terra morna e nua.

Nas matas presas pelas sombras finas
Ninguém achou as sinas
Traçadas no chão brusco…

Nem os olhos das casas, aos domingos,
Espreitando ao lusco-fusco…

Erguida a noite sobre o chão brilhante
- As estações morreram com a nortada –
Não há pomba, nem luz , nem viajante,
Que pare na pousada.

Nas praças largas a abraçar fantasmas
Ficaram os pedintes de amargor.
Pés brancos, enterrados pela água,
E as mãos pendentes, pelo Céu sem cor.

Entre a música eterna da saudade
Os rios vão de corações abertos.
Ao longe,
Búzios a chorar jardins.
Ao perto,
Estátuas a sonhar desertos.

(Natércia Freire)

Sem comentários: