Foto: Charquinho - julho 13, 2005A Coisa Pública e a Privada
Entre a coisa pública
e a privada 
achou-se a República 
assentada.
Uns queriam privar 
da coisa pública, 
outros queriam provar
da privada, 
conquanto, é claro, 
que, na provação, 
a privada, publicamente,
parecesse perfumada. 
Dessa luta intestina
entre a gula pública e a privada
a República 
acabou desarranjada 
e já ninguém sabia 
quando era a empresa pública 
privada pública 
ou 
pública privada. 
Assim ia a rês pública: avacalhada 
uma rês pública: charqueada 
uma rês pública, publicamente 
corneada, que por mais 
que lhe batessem na cangalha 
mais vivia escangalhada. 
Qual o jeito? 
Submetê-la a um jejum? 
Ou dar purgante à esganada 
que embora a prisão de ventre 
tinha a pança inflacionada? 
O que fazer? 
Privatizar a privada 
onde estão todos 
publicamente assentados? 
Ou publicar, de uma penada, 
que a coisa pública 
se deixar de ser privada 
pode ser recuperada? 
— Sim, é preciso sanear,
desinfetar a coisa pública, 
limpar a verba malversada, 
dar descarga na privada. 
Enfim, acabar com a alquimia
de empresas públicas-privadas
que querem ver suas fezes 
em ouro alheio transformadas. 
Affonso Romano de Sant'Anna 
1 comentário:
Vocês dois andam a desafiar-se um ao outro? As fotos são cada vez mais dificeis, mas ela responde à letra, nunca falha e encontra o poema sempre adequado. Na muge, ganda equipa, vou pensar em algo, tipo..... qualquer coisa pa vocês.
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