22 maio, 2012

358 - Pregões de Lisboa


Foto: Shark

Pregões de Lisboa


Manhã cedo. O sol dourado
A tudo vai dando cor:
Há já vida na cidade
Já nela se ouve rumor

Vendedores ambulantes
Começam a aparecer
Vamos lá ver, ó fregueses
O que trazem p’ra vender

Oito horas. À nossa porta
Passa agora a tia Chica
Com sua voz compassada
Apregoa: «Fava rica»

Lá vem também a peixeira
Com seu trajo pitoresco,
Dizendo: «Oh! Viva da Costa»
Ou então «Carapau fresco»

E agora, de toda a parte
Se ouve gente que apregoa,
Gritando: «Quem quer laranja,
Quem compra laranja boa?...

«Merca o cabaz de morangos…»
«Século. Noticias. Voz…»
Oh! Boa amora da horta…»
«Quem quer ameijoas p’ra arroz?»

«Erre, erre, mexilhão…»
«Oh! Pescadinha marmota…»
«Compra o raminho de flores…»
«Oh! Figos de capa rota…»

E com a lata no braço
Fresquinha qual fresco arroio,
Passa linda vendedeira,
Cantando: Oh! Queijo saloio…»

E tudo lá vão deixando,
P’la cidade, os vendedores.
Mas, para ganhar a vida
Que canseiras, que suores!

“Pregões de Lisboa”, autor anónimo in Livro de leitura da 3ª classe 1950/51



4 comentários:

Anónimo disse...

Meu nome é Leandro.(não mais o anonimo)Obrigado pela publicação.
Minha mãe, estudou nesse livro numa aldeia de Bragança chamada Parâmio. Essa e outras lições ela carrega na mente até hoje com 78 anos e não cança de declama-las para os filhos.... Lindas. Obrigado por resgatar essas preciosidades. Vc é grande !!!

Anónimo disse...

Obrigado pela publicação. Mais um grande poema que marcou a infancia de muitos portugueses das aldeias afastadas de Portugal. Minha mãe com 78 anos não esquece e vive declamando aos filhos.Parabéns por manter vivo esses belos momentos !
leandro

Anónimo disse...

obrigada Leandro pelo teu comentário foi uma inspiração para o meu trabalho e ficou exselente.Muitíssima obrigada,espero que veja o meu comentário.

Anónimo disse...

obrigada Leandro pelo teu comentário foi uma inspiração para o meu trabalho e ficou exselente.Muitíssima obrigada,espero que veja o meu comentário.