07 dezembro, 2009

330 - Noite em Lisboa

Foto: Shark

Nas ruas da noite

No crepitar de estilhaços
de estrelas sobre os espaços
da Lisboa rua em rua —
crucificámos abraços
encruzilhados nos passos
que à noite a lua insinua

Em nossas bocas unidas
sangrámos todas as feridas
dos beijos amordaçados —
salvámos vidas vencidas
que andam na treva perdidas
como num mar afogados

Cegos de sombras e lama
Quando a sede que se inflama
numa inquisição divina —
bebemos o vinho em chama
que sanguíneo se derrama
no candeeiro da esquina

Embriagados de lume
sem dissipar o negrume
do fumo que nos oprime —
rezamos em seu queixume
no cio do meu ciúme
fados do amor feito crime

Crucificamos abraços
encruzilhados nos passos
que a noite nua desnua —
crepitantes de estilhaços
de estrelas quando em pedaços
vêm morrer sobre a rua
Fernando Pinto Ribeiro

2 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Belíssima imagem e um poema de especial beleza também!
Um abraço

shark disse...

Mais uma bela combinação, parceira!

(Obrigado, Sonia, pela parte que me toca.)