O Gato
De seu pêlo louro e tostado
Um perfume tão doce flui
Que uma noite, ao mimá-lo, fui
Por seu aroma embalsamado.
É a alma familiar da morada;
Ele julga, inspira, demarca
Tudo que seu império abarca;
Será um deus, será uma fada?
Se nesse gato que me é caro,
Como por ímãs atraídos,
Os olhos ponho comovidos
E ali comigo me deparo,
Vejo aturdido a luz que lhe arde
Nas pálidas pupilas ralas,
Claros faróis, vivas opalas,
Que me contemplam sem alarde.
Charles Baudelaire
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