Mar
Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.
E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
3 comentários:
Susete, fizeste bem, acho que a poesia desta senhora merece ser bem conhecida.
Agora só cá por coisas deixo-te este de que tb gosto ;)
Beijinho
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia M B Andresen
Ora poizátão aqui temos os mésmôços, ambos os dois muito poéticos.
A foto do Charquinho é simplesmente maravilhosa, à semelhança do que é habitual.
Jocas
Obrigado, Xica, pela parte que me toca nesta parceria!
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