Memória da infância
É a memória a saborear o tempo
como se eu estivesse instalado num baloiço
e sentisse o chão da minha infância deslizar pelo corpo
a imagem que eu tenho para o tempo
é uma repetição do meu pensamento
um movimento de palavras que em nada se fixa
um regresso sempre a um ponto fixo
o nó para além das pontas que o realizam
se quero falar do tempo
tenho esta imagem do baloiço a partir da minha memória
consciência condenada a uma realização temporal
e o que eu compreendo é um rasto de viagem primitiva
o corpo que filma o próprio movimento esbate-se contra o solo
o baloiço é o desenho da minha existência.
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