Nas ruas da noite
No crepitar de estilhaços
de estrelas sobre os espaços
da Lisboa rua em rua —
crucificámos abraços
encruzilhados nos passos
que à noite a lua insinua
Em nossas bocas unidas
sangrámos todas as feridas
dos beijos amordaçados —
salvámos vidas vencidas
que andam na treva perdidas
como num mar afogados
Cegos de sombras e lama
Quando a sede que se inflama
numa inquisição divina —
bebemos o vinho em chama
que sanguíneo se derrama
no candeeiro da esquina
Embriagados de lume
sem dissipar o negrume
do fumo que nos oprime —
rezamos em seu queixume
no cio do meu ciúme
fados do amor feito crime
Crucificamos abraços
encruzilhados nos passos
que a noite nua desnua —
crepitantes de estilhaços
de estrelas quando em pedaços
vêm morrer sobre a rua
Fernando Pinto Ribeiro
2 comentários:
Belíssima imagem e um poema de especial beleza também!
Um abraço
Mais uma bela combinação, parceira!
(Obrigado, Sonia, pela parte que me toca.)
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