Foto: Shark inho
Tarde no mar
A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a Vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com frágil graça de menino
Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!
Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar…
E sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São asas do sol, agonizantes…
(Sonetos - Florbela Espanca)
in clássicos da lingua Portuguesa
17 janeiro, 2008
08 janeiro, 2008
131 - Era uma vez o MAR
Foto: Sark inho
(Extracto do poema de “As Naus de verde pinho”
De um lado o chão e a raiz
do outro o mar e o seu cântico.
Era uma vez um país
entre a Espanha e o Atlântico.
Tinha por rei D. Dinis
que gostava de cantar.
Mas o reino era tão pouco
que se pôs a perguntar:
-- E se o mar fosse um caminho
deste lado para o outro?
E da flor de verde pinho
das trovas do seu trovar
mandou plantar um pinhal.
Depois a flor foi navio.
E lá se foi Portugal
caravela a navegar.
(Manuel Alegre)
De um lado o chão e a raiz
do outro o mar e o seu cântico.
Era uma vez um país
entre a Espanha e o Atlântico.
Tinha por rei D. Dinis
que gostava de cantar.
Mas o reino era tão pouco
que se pôs a perguntar:
-- E se o mar fosse um caminho
deste lado para o outro?
E da flor de verde pinho
das trovas do seu trovar
mandou plantar um pinhal.
Depois a flor foi navio.
E lá se foi Portugal
caravela a navegar.
(Manuel Alegre)
07 janeiro, 2008
130 - Ciprestes
Foto: Shark inho
Triste, a paisagem tem ciprestes só
Triste, a paisagem tem ciprestes só.
Órbitas cegas, de chorar por água,
Os tanques estancam sua sede em pó
E o seu silêncio enche o jardim de mágoa.
Ao buxo, há muito que ninguém dá norma,
Só répteis amam, no caramanchel.
E o velho fauno branco, hoje sem forma,
Envolto d'hera, toma a cor do fel.
Galgos, cisnes, pavões, festivas flores,
Tudo se foi. No vácuo, o tempo escorre.
Folha arrastada aos vergéis exteriores,
Transposto o muro, inda que verde morre.
(Reinaldo Ferreira)
Triste, a paisagem tem ciprestes só.
Órbitas cegas, de chorar por água,
Os tanques estancam sua sede em pó
E o seu silêncio enche o jardim de mágoa.
Ao buxo, há muito que ninguém dá norma,
Só répteis amam, no caramanchel.
E o velho fauno branco, hoje sem forma,
Envolto d'hera, toma a cor do fel.
Galgos, cisnes, pavões, festivas flores,
Tudo se foi. No vácuo, o tempo escorre.
Folha arrastada aos vergéis exteriores,
Transposto o muro, inda que verde morre.
(Reinaldo Ferreira)
05 janeiro, 2008
129 - Eu gosto de animais
Foto: Shark inho
O Cavalo
Teus poros exalam o fumo
Do lar dos deuses de onde vieste.
Rompante de espuma e de lume
És sol quadrúpede ou mar equestre?
Desfilando derramas o ouro
Do teu rio inacabável,
Desmedido relâmpago louro
De um deus equídeo possante e frágil.
Tudo existiu para que fosses
No contraluz desta madrugada
Mitológica proporção perfeita
Em purpúrea bruma recortada.
Pois que te é divino mister
Humanos olhos extasiar
A dúvida é só perceber
Se vieste do sol ou do mar.
O Cavalo
Do lar dos deuses de onde vieste.
Rompante de espuma e de lume
És sol quadrúpede ou mar equestre?
Desfilando derramas o ouro
Do teu rio inacabável,
Desmedido relâmpago louro
De um deus equídeo possante e frágil.
Tudo existiu para que fosses
No contraluz desta madrugada
Mitológica proporção perfeita
Em purpúrea bruma recortada.
Pois que te é divino mister
Humanos olhos extasiar
A dúvida é só perceber
Se vieste do sol ou do mar.
(Natália Correia)
03 janeiro, 2008
128 - Tempestade
Foto: Shark inho
(José Gomes Ferreira)
CHOVE!
Chove...
Mas isso que importa!,
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é o destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
(José Gomes Ferreira)
127 - Sob o teu olhar Lisboa - LIS(BOA) Todos os dias
Foto: Shar inho
O Teu Olhar
Passam no teu olhar nobres cortejos,
Frotas, pendões ao vento sobranceiros,
Lindos versos de antigos romanceiros,
Céus do Oriente, em brasa, como beijos,
Mares onde não cabem teus desejos;
Passam no teu olhar mundos inteiros,
Todo um povo de heróis e marinheiros,
Lanças nuas em rútilos lampejos;
Passam lendas e sonhos e milagres!
Passa a Índia, a visão do Infante em Sagres,
Em centelhas de crença e de certeza!
E ao sentir-te tão grande, ao ver-te assim,
Amor, julgo trazer dentro de mim
Um pedaço da terra portuguesa!
(Florbela Espanca)
02 janeiro, 2008
126 - A Bebedeira
Foto: Shark inho
Poema Bêbado
Prá curar sua paixão, beba pinga com limão;
prá curar sua amargura, beba pinga sem mistura;
contra dor de cotovelo, beba cachaça com gelo;
contra falta de carinho: cachaça, cerveja e vinho!
Se brigar com a namorada, beba pinga misturada;
se brigar com a mulher, beba pinga na colher;
quem dá amor e não recebe, mistura todas e bebe;
e se alguém lhe faz sofrer, beba para esquecer!!!
Prá curar seu sofrimento, beba pinga com fermento;
prá esquecer um falso amor, beba pinga com licor;
prá acalmar seu coração, beba até cair no chão;
e se a vida não tem graça, encha a cara de cachaça!!!
Pra você ganhar no bicho, beba uma no capricho;
pra ganhar na loteria, beba pinga na bacia;
pra viver sempre feliz, beba pinga com raiz;
e se você não tem sorte... beba pinga até a morte!!!
(autor desconhecido)
Poema Bêbado
Prá curar sua paixão, beba pinga com limão;
prá curar sua amargura, beba pinga sem mistura;
contra dor de cotovelo, beba cachaça com gelo;
contra falta de carinho: cachaça, cerveja e vinho!
Se brigar com a namorada, beba pinga misturada;
se brigar com a mulher, beba pinga na colher;
quem dá amor e não recebe, mistura todas e bebe;
e se alguém lhe faz sofrer, beba para esquecer!!!
Prá curar seu sofrimento, beba pinga com fermento;
prá esquecer um falso amor, beba pinga com licor;
prá acalmar seu coração, beba até cair no chão;
e se a vida não tem graça, encha a cara de cachaça!!!
Pra você ganhar no bicho, beba uma no capricho;
pra ganhar na loteria, beba pinga na bacia;
pra viver sempre feliz, beba pinga com raiz;
e se você não tem sorte... beba pinga até a morte!!!
(autor desconhecido)
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